Crítica para encher o saco

Pode ser que seja por força do hábito, mas eu sou a favor do fim das sacolinhas plásticas de supermercado.

Quando eu cheguei em Portugal, descobri que a maioria dos mercados não ofereciam essa regalia gratuitamente. Como meu começo de viagem foi um período de vacas magras (no sentido conotativo da alusão), eu não queria gastar 5 malditos centavos de euro cada vez que precisasse comprar atum e cerveja no mercado, então aprendi a ir fazer compras levando uma sacola plástica previamente adquirida. Por conta de não serem gratuitas, as sacolas plásticas portuguesas eram mais resistentes e podiam ser reaproveitadas mais vezes. E mesmo assim, não havia faltas de sacola em casa para serem enviadas para o lixo (com o devido lixo dentro delas). Em momentos que eu realmente não tinha dinheiro nem para uma sacolinha plástica, eu, todo malandrão, pegava um dos saquinhos da área de hortaliças e metia tudo lá dentro depois de passar pelo caixa.

Costuma ser assim em muitos países da Europa. É considerado um hábito saudável por aqui reaproveitar as sacolas e já é um costume as pessoas levarem suas próprias sacolas de feira quando vão ao mercado fazer compras. Brasileiro gosta tanto de exaltar e importar hábitos e costumes dos europeus… Mas quando aparece um costume minimamente útil, TODOS RECLAMA.

compras
É sempre bom transportar suas compras com segurança

Carta aberta de repúdio à Escolinha do Professor Raimundo

Morreu Chico Anysio. Bom, ainda não morreu, mas esse blog precisa de atualização e o cara tá demorando demais, lá em cima do telhado só esperando pra ser puxado. Seria uma surpresa enorme se ele vivesse a tempo de assistir O Hobbit.

É inegável que Chico Anysio foi um nome notável no humor nacional, desde seu início de carreira copiando e traduzindo as piadas de grandes nomes do humor americano e inglês, mas também por ter colocado no mundo centenas de personagens (e filhos) engraçados ou não. Ele também colocou no mundo o Bruno Mazzeo, e não tenho certeza se ele merece perdão por isso, mas alguém que casou com a Zélia claramente deve ter algum problema sério de conduta.

Chamada para Raimundo
Chamada para Raimundo... Porque diabos o professor tem um telefone na sala de aula?

O auge de sua carreira e criatividade foi, em minha opinião, a Escolinha do Professor Raimundo. Nos anos 90, a atração conseguiu um horário nobre diário na Globo, onde teve a sua melhor fase (qualquer exibição antes disso deve ser encarada como completamente irrelevante, pelo fato de eu não ter lembranças da época). Apesar do sucesso, muitos pontos do programa ainda me causam um certo incômodo.

Violência animal

Na mesma semana que a prefeitura de São Paulo decidiu alugar 10 mil tablets pelo preço que compraria 53 mil e que os vereadores de diversos municípios confirmaram o aumento do próprio salário, a população brasileira tem se mostrado indignada.

Mas não com isso. O problema revoltante é o caso isolado de uma mulher que espancou um cachorrinho.

Esse gato tá fudido!

Como agressão a animais é coisa que dá ibope, então vai lá… 5 casos de violência animal que ninguém comenta:

Cachorra é obrigada a assistir Ana Maria Braga e ouvir piadas de papagaio

A cachorra “Belinha” vem sofrendo imensos maus tratos em uma emissora de TV, onde todas as manhãs é submetida a sessões de tortura que envolvem em obrigar a poodle a assistir o programa de Ana Maria Braga e, em certas ocasiões, até interagir com um papagaio fantoche. “Vou me mudar para Goiás; os cachorros lá não sofrem tanto”, teria confessado a cachorra para a revista “Fuças”.

Dos primórdios da internet

Duas pessoas totalmente aleatórias caminham por uma rua fictícia com alguma discussão randômica. “Qual a capital da Samoa Americana?”, por exemplo. Um insiste que é Pago-Pago enquanto outro tem a certeza absoluta que é Fagatogo. Em determinado momento, um dos discussionistas saca seu smartphone e, alguns segundos depois, lá está: A capital é Pago-Pago, com cerca de 12000 habitantes. Pronto, discórdia resolvida. É certo que o outro chato inconformado pode pegar também o seu smartphone e argumentar que Fagatogo é a capital porque é onde tem a sede do governo, mas isso só demonstra que eu escolhi um exemplo de bosta para ilustrar o que eu queria demonstrar: A onipresente tecnologia está nos destruindo aos poucos.

Em tempos de outrora, discussões como essa (ou mais simples) se estendiam por meses, até alguém finalmente ter a decência de consultar o Atlas-1992 em sua biblioteca particular – aquele que você ganhava se comprasse o jornal por 3 anos seguidos e juntasse os 4250 selos naquela cartela vagabunda que ficava na gaveta da sala, guardada como se fosse um item sagrado religioso.

Família unida...

Era tudo mais divertido.

Estamos criando uma próxima geração de acomodados. De indivíduos que não sabem procurar no jornal os filmes que estão passando no cinema. De crianças que atingem a adolescência sem ter aquela timidez envergonhada de quando um(a) amiguinho(a) do sexo(a) oposto(a) liga para casa e seu pai(a) atende o telefone. Uma geração de crianças de 7 anos que trocam celulares e são mayors do playground no foursquare. O escorregador fica vazio, mas você pode vê-los ali sentados na caixa de areia, cada qual em uma fase diferente de Angry Birds.

Eu sou tão chato…

"Aquele não está suficientemente oval"
  • Eu sou tão chato que atendente de telemarketing desliga na minha cara.
  • Eu sou tão chato que quando eu ando pelos mercados populares, os vendedores me enxotam da tenda deles.
  • Eu sou tão chato que se eu jogasse futebol, o Galvão Bueno se recusaria a narrar o meu nome.
  • Eu sou tão chato que passei na prova oral por W.O.
  • Eu sou tão chato que o Djavan se inspira em mim para compôr.
  • Eu sou tão chato que me sentei pra conversar com o Forrest Gump e ele se levantou e foi embora.
  • Eu sou tão chato que João Gilberto é meu fã.
  • Eu sou tão chato que quando gerente de banco liga pra mim, diz que foi engano.
  • Eu sou tão chato que fui eleito porta-voz do Leão.
  • Eu sou tão chato que taxista não conversa comigo.
  • Eu sou tão chato que ia virar um quadro no Fantástico, mas fui reprovado.
  • Eu sou tão chato que tenho dois twitters.
  • Eu sou tão chato que o Drauzio Varella não quis me atender.
  • Eu sou tão chato que nem o MSN quer chamar minha atenção.
  • Eu sou tão chato que o Rogério Ceni pediu para não jogar no meu time.
  • Eu sou tão chato que minha mãe assiste Super Pop pra evitar falar comigo.
  • Eu sou tão chato que chamei meu amigo pra sair no sábado à noite e ele falou que não queria perder o Zorra Total.
É com prazer que comunicamos o falecimento...
Chato a esse ponto!

Pareço mas não sou

Além das aparências
Um olhar cuidadoso além das aparências...
  • Pareço organizado, mas guardo a faca na geladeira junto com a manteiga por preguiça de lavar
  • Pareço crítico, mas admiro o FHC
  • Pareço inteligente, mas às vezes estou escrevendo ou desenhando e enfio o lápis no olho quando vou coçar a cabeça
  • Pareço engraçado, mas aprecio a Praça é Nossa
  • Pareço nerd, mas tenho vida social
  • Pareço sociável, mas só procuro novos alvos de piadas
  • Pareço saudável, mas já estive na Irlanda
  • Pareço bonito, mas estou de costas
  • Pareço amável, mas é só sono
  • Pareço criativo, mas só sei plagiar dos lugares certos
  • Pareço sábio, mas eu leio a Veja
  • Pareço humilde, mas é que eu me acho foda demais pra perder tempo falando de mim
  • Pareço legal, mas eu canto o Hino Nacional no meio do “Parabéns pra você”
  • Pareço corajoso, mas sou inconseqüente
  • Pareço moderno, mas gosto de ameixas
  • Pareço simpático, mas estou só te dando mole, SUA LINDA!
  • Pareço culto, mas minhas bolas tem nome de Panicats
  • Pareço maduro, mas me sinto muito gay quando passo manteiga de cacau

Se a vida lhe der limões…

Grandpa Lemon
HEY, LEMON!

Conservador:
Faz uma limonada.

Brasileiro:
Faz uma caipirinha.

Comediante:
Faz uma torta e atira na cara de alguém.

Mexicano:
Toma com tequila e sal.

A rede anti-social

Ainda acho que, em favor da socialização, as pessoas deviam entrar mais em bares e menos em redes sociais. Como diz o Tio Dino, são tempos de muita rede social para pouco amigo.

Rede sem lei

O orkut é o equivalente às pochetes das redes sociais. Outrora pop, a rede já foi reportagem de William Bonner com suas Katilces e acusações de “não sei brincar, o orkut tá falando mal de mim.”. Hoje em dia, a comunidade é mais cafona do que casar na praia. Eu adoraria usar uma expressão-clichê do tipo que “o site só se mantém vivo com a ajuda de aparelhos”, mas todo site da internet só funciona com a ajuda de aparelhos.

A comunidade ainda é útil para verificar o que fazem seus amigos de mais baixa renda. Em minha humilde opinião, o grande problema do orkut é que ele se preocupou demais em imitar o facebook e esqueceu de ser quem ele realmente é. Não aprendeu nada com a moral de 9 em cada 10 contos de fada da Disney. Oras, se é pra ter uma rede que imita o facebook, então eu também vou para o facebook, que, convenhamos, imita muito melhor a si mesmo.

Atualmente, o orkut funciona como um cemitério de memórias. Pense em algum casal de amigos que tenham terminado o relacionamento nos últimos 6 meses. O orkut ainda guarda fotos dos pombinhos juntos e depoimentos apaixonados de um para o outro. Varrer os scraps e fotos de seus amigos no orkut é tipo varrer as fotos daquelas escolas abandonadas em Chernobyl, de pessoas abandonando depoimentos às pressas e largando tópicos incompletos em comunidades.

E se você acha que o orkut anda deserto, é porque faz tempo que não entra no mySpace.

Já o twitter transformou-se rapidamente no maior site de humor do mundo. Os usuários do twitter se dividem em três categorias: Tem as celebridades, os pseudo-humoristas e os bots. Se você não é famoso e não segue automaticamente o Mano Menezes, você tenta fazer piadinha na rede. Ultimamente, entretanto, grande parte das celebridades está começando a investir no pseudo-humorismo; e estou certo que com o avanço da Inteligência Artificial, em poucos meses teremos os primeiros bots mandando trocadilhos no twitter.

A marcha das marchas

Marchemos!
I Shave my balls for this?
I Shave my balls for this?
Começou a temporada de marchas.
A nova mania entre a gente diferenciada é sair às ruas em eventos populares de alguma coisa. É tanta marcha que até o Geraldo Vandré já está de saco cheio.
A marcha é a forma física do hashtag; é o direito do povo; é a maneira que o popular encontrou para se sentir útil da forma mais fácil e barata possível.
É uma coisa que está no DNA do brasileiro, afinal o próprio Carnaval pode ser considerado uma marcha: é a marcha dos desocupados. São pessoas que saem às ruas para não irem a lugar nenhum… Até as músicas se chamam “marchinhas”…
Com tantos protestos e marchas por aí, não fique de fora dessa. Crie já a sua própria marcha!
Para uma marcha ser bem feita, ela deve partir de um princípio inalcançável ou de uma palavra chamativa. Melhor se tiver cobertura da imprensa e cartazes que pareçam ter sido feitos por alunos de segunda série. Pontos extras se entrar em confronto com a polícia.
I am a little upset.
I am a little upset.

Pequeno manual de humor ofensivo

O brasileiro sempre teve dificuldade em definir os limites do humor, mas no passado estava tudo bem porque as pessoas costumavam se concentrar em coisas realmente importantes, como a fome mundial, as guerras e os 12 problemas bucais que um ser humano pode ter. No entanto, ultimamente, a patrulha do politicamente correto – formada por pessoas com uma grande falta de sexo e um ainda maior excesso de tempo – vem se dedicando a estudar as piadas que circulam por aí.

Mate o piadista!
“Nossa! Pensei numa piada ótima agora!”

Com um tridente numa mão, um crucifixo na outra e gritando “Fogueira aos humoristas!”, a Patrulha Aburguesada Unânime (PAU) tenta impor limites às piadas que os humoristas têm contado. Em revide, a frente dos Humoristas Inconsequentes Moderados E Negativistas (HIMEN) tenta bater de frente com ela, empurrando os limites do humor para o mais longe possível.

Como nas lutas entre PAU e HIMEN, esse último costuma perder, nós resolvemos criar esse “Pequeno Manual do humor ofensivo” para auxiliar o grupo dos humoristas a entender até onde eles podem ir nas suas piadas: