Livros para colorir para adultos

De tempos em tempos, uma nova moda velha aparece, algo que sempre esteve por aí, espalhado, no fundo de um brechó ou exposto claramente em vitrines pela cidade, mas que o mundo sempre preferiu ignorar ou não viu o potencial naquilo.

A moda da vez são os livros para colorir para adultos. Eu não julgo; honestamente, acho até bem divertido. Quem sou eu para julgar, afinal, estando no comando de um personagem de quadrinhos fracassado, eu tô sempre desenhando e colorindo por aí…

O que me irrita é a falta de percepção desses editores em conhecer seu público alvo.

Por que diabos os livros de colorir para adultos não seguem uma temática adulta? Por que são flores, castelos, jardins, borboletas, essas coisas infantis que, convenhamos, são piegas e todos nós já passamos da época? Por que não imbuir atividades lúdicas condizentes com a idade e vida miserável que nós, pobres adultos levamos no nosso dia a dia? Que tal permitir aos adultos colocar um pouco mais de cor na cracolândia? Que tal dar uma atividade de redecorar um escritório de advocacia como se fosse regido pelo Clovis Bornay?

O assassino da caneta

“E eu fui até a cozinha chorando e Neil disse para mim: ‘O que diabos você tem?’ e eu disse: ‘Bem, eu acabei de matar a pessoa.’”

 A confissão acima caberia muito bem em qualquer julgamento de um assassino frio e calculista. Seria muito apropriada em algum drama que escancara as manchetes dos jornais populares. Alguém mais incauto argumentaria sobre uma legítima defesa, mas a autora da frase agiu por vontade própria contra alguém que não a ameaçava de forma alguma. Ela não se importa, já que poderá ter ao seu lado os melhores advogados, uma vez que estamos falando de uma das mulheres mais ricas do mundo.

A assassina em questão é J.K. Rowling e o defunto referido é Albus Dumbledore, um inocente professor que nunca foi capaz de fazer mal a uma mosca. Nessa entrevista, JK ainda confessou que o crime foi meticulosamente premeditado e que aquilo a chateou profundamente, mas em momento nenhum ela se mostra arrependida.

Quem nunca?
Quem nunca?

Pequena seleção estúpida de mini-contos pessoais empreendedores

Tem a máxima que diz “Trabalhe com algo que você goste e você não terá que trabalhar sequer um dia da sua vida”.

Eu a alteraria para “Trabalhe com algo que você goste e você deixará de gostar daquilo”.

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Pescando uma oportunidade...
Só o título deste texto daria pra abrir uma empresa

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Aí você abre uma empresa com seus amigos mais próximos. E percebe que quando sai com eles agora só fala da empresa. E um dia, num bar, decidem que vão falar de qualquer coisa, menos da empresa. E aí todos ficam sem assunto e levanta-se aquele silêncio constrangedor. E aí você não consegue lembrar do que vocês conversavam antes.

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Aí você começa a pensar que precisa aproveitar os bons momentos e o processo de aprendizagem: Aquele curto período enquanto seu negócio novo ainda não acabou, arruinando sua carreira, destruindo suas amizades e falindo sua família.

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Aí um amigo te liga oferecendo um projeto para desenvolvimento. E ele pergunta o valor da sua hora. E aí você passa o valor da sua hora. E ele reclama que está muito caro e você lembra ele que você tem anos de experiência, que tem experiência internacional na área, que fala cinco línguas e o escambau. E ele responde “Dane-se se você fala francês, alemão, japonês ou klingon! Eu só preciso que você fale Java!”.

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Aí alguém liga no seu celular querendo falar com a Tatiana. É engano. Então você aproveita que já tá falando com alguém e tenta vender o seu produto para a pessoa.

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Aí você gosta de escrever. Então você começa a escrever um livro – porque não, afinal?

Aí você começa o seu livro sem saber direito como ele vai terminar. E o livro vai indo muito bem e você já tá montando o final na sua cabeça. Aí você percebe que tá deturpando a personalidade dos seus personagens e percebe que para ter o final sensacional que pensou no meio do livro vai ter que alterar o começo. Aí você altera o começo. Aí você decide matar um personagem que era irrelevante, mas para dar mais impacto, você começa a adicionar capítulos dele numa preqüência da história. Aí vai tudo ficando mais confuso e todo mundo ficando com cada vez menos personalidade. Aí você vai se desanimando pra escrever, porque precisa revisar seu livro todo desde o começo. Aí você pára de escrever.

Aí você marca um horário na sua semana pra trabalhar no seu livro. Aí nesse horário você escreve sobre a história dos tomates e sobre os motivos pelo qual você não está trabalhando no seu livro. E seu livro tá lá, estagnado.

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Aí você explica pra sua mãe sobre esse monte de projeto que você está fazendo e é por isso que você anda tão ocupado. E sua mãe recomenda que você largue desse monte de idéia estúpida e vá procurar um emprego estável e decente, afinal é pra isso que você estudou nos últimos 20 anos e você tem capacidade de coisa melhor. E você responde que “porra, mãe, você podia ao menos torcer pros meus negócios darem certo” e ela responde que “eu estou torcendo, filho. Mas vai dar tudo errado. Tudo errado.”

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Aí você vai num cliente em potencial que seria importante para o bom andamento do seu negócio. Aí você se atrapalha todo e confunde o seu cliente com você mesmo. É. Foi isso.

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E um dia sua mãe entra na cozinha comentando sobre o garoto de 17 anos que ficou milionário vendendo um sistema pro Yahoo e complementa perguntando “Por que você não inventa alguma coisa que ninguém tenha inventado antes e fica milionário também?”…

Boa idéia, mãe. Boa idéia.

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Fail...

Livro Pirata

Há um tempo atrás, um amigo enviou um link sobre uma iniciativa bem interessante da artista Bia Bittencourt: piratear um livro. Não do jeito que os chineses pirateiam o iPhone ou que eu pirateava meus joguinhos de Playstation… Era um projeto intitulado Livro Pirata.

A idéia era pegar o entediante livro “A História da Arte“, de Ernst Gombrich e refazê-lo, de forma que cada contribuinte passasse a sua idéia em uma nova arte baseado nas obras do livro. Cada um dos ‘artistas’ selecionados ia receber uma única página do livro para fazer o seu trabalho inspirado nela e enviar de volta à Bia, que ia juntar tudo num novo livro, uma versão pirateada da original.

Tive o imenso prazer de ser um dos selecionados para enviar minha contribuição para o livro. A obra que eu recebi para refazer à minha maneira (ou à maneira babaca) foi esta:

Combate de São Miguel com o Dragão
Combate de São Miguel com o Dragão

A obra é a “Combate de São Miguel com o Dragão”, datada de 1498, do artista alemão Albrecht Dürer. Dürer deve ter se remexido por algumas vezes no seu túmulo e, se não estivesse morto, morreria de desgosto ao ver minha contribuição ao livro. A obra “Combate de Memes com a internet”:

Combate de memes com a internet
Combate de memes com a internet

Eu sou um babaca. Pode até ter ficado bom, mas a coitada da Bia provavelmente vai querer selecionar melhor os artistas para projetos futuros.

 

Referências:

Albrecht Dürer – [http://en.wikipedia.org/wiki/Albrecht_Durer]; St. Michael fighting the dragon [http://en.wikipedia.org/wiki/St._Michael_Fighting_the_Dragon-Albrecht_Durer]