Duas pessoas totalmente aleatórias caminham por uma rua fictícia com alguma discussão randômica. “Qual a capital da Samoa Americana?”, por exemplo. Um insiste que é Pago-Pago enquanto outro tem a certeza absoluta que é Fagatogo. Em determinado momento, um dos discussionistas saca seu smartphone e, alguns segundos depois, lá está: A capital é Pago-Pago, com cerca de 12000 habitantes. Pronto, discórdia resolvida. É certo que o outro chato inconformado pode pegar também o seu smartphone e argumentar que Fagatogo é a capital porque é onde tem a sede do governo, mas isso só demonstra que eu escolhi um exemplo de bosta para ilustrar o que eu queria demonstrar: A onipresente tecnologia está nos destruindo aos poucos.
Em tempos de outrora, discussões como essa (ou mais simples) se estendiam por meses, até alguém finalmente ter a decência de consultar o Atlas-1992 em sua biblioteca particular – aquele que você ganhava se comprasse o jornal por 3 anos seguidos e juntasse os 4250 selos naquela cartela vagabunda que ficava na gaveta da sala, guardada como se fosse um item sagrado religioso.
Era tudo mais divertido.
Estamos criando uma próxima geração de acomodados. De indivíduos que não sabem procurar no jornal os filmes que estão passando no cinema. De crianças que atingem a adolescência sem ter aquela timidez envergonhada de quando um(a) amiguinho(a) do sexo(a) oposto(a) liga para casa e seu pai(a) atende o telefone. Uma geração de crianças de 7 anos que trocam celulares e são mayors do playground no foursquare. O escorregador fica vazio, mas você pode vê-los ali sentados na caixa de areia, cada qual em uma fase diferente de Angry Birds.