Eu estava no Ensino Médio quando comecei a apostar forte no Bolão Pé na Cova. Apostar em um sentido metafórico, uma vez que a competição nunca teve dinheiro envolvido. Ela se limitava a uma área do site Cocadaboa, um verdadeiro portal que, na época, testava os limites da internet. Seria o equivalente a um Cid Cidoso em formato HTML.
O Bolão funcionava praticamente da mesma forma que hoje: era possível mandar 10 nomes de celebridades que você acreditava que faleceriam no ano e, quem marcasse mais pontos, ganhava. Simples e objetivo, como todo jogo deveria ser. Jogávamos em grupo na sala de aula, disputando contra nós mesmos e quase nunca pontuando, afinal, não é tão fácil assim adivinhar que uma pessoa vai morrer, por mais velha que ela seja. Exceto a vez que o Barba acertou a morte do Marlon Brando. Aquele ano, ele ganhou a disputa interna nossa.
Mas, com o amadurecimento da internet e, inclusive, o amadurecimento dos próprios administradores do Cocadaboa, o site acabou. É trabalhoso manter um portal de sucesso (mesmo um blog de fracasso, como este, dá um trabalho do cão às vezes), principalmente quando seu objetivo é ser disruptivo e você acaba soterrado por processos judiciais. Na época, o Cocadaboa alegava que seus servidores ficavam na Eslovênia, como tentativa de desincentivar o envio de ações judiciais. Claro que era uma balela e, mesmo se fosse verdade, os processinhos™ viriam de qualquer jeito. Era inteligente e óbvio que o site iria acabar eventualmente. E, com ele, morreu o Bolão Pé na Cova.