Reza o dito popular que, quando você tiver algo muito importante para ser feito, deve pedir à pessoa mais ocupada: ela encontrará a forma mais fácil e rápida de fazê-lo. A sabedoria contida no provérbio é inexorável; a dificuldade moderna, porém, é encontrar no meio de seu rol de contatos o que for o mais ocupado.
“Estou sem tempo para nada” é a desculpa do século, válida mais para si mesmo do que para outrem. Afinal, perde-se tanto tempo trabalhando, transitando, comendo e assistindo a novela das oito que ninguém mais têm tempo para ir à academia, tocar oboé ou aprender francês.
Uma sacada no Twitter e pronto: a piada se multiplica. Mas qual é o direito do autor?
SÃO PAULO – “O amor é a gasolina da vida: custa caro, acaba rápido e pode ser substituído pelo álcool.” A frase do blogueiro Paulo Velho ganhou o mundo, mas seu nome não foi citado em lugar nenhum. Escrita num tweet pela primeira vez em 2010, a piada ganhou novos donos, foi parar em um programa de rádio, virou comunidade no Orkut e até frase do personagem de Charlie Sheen na série Two and a Half Men, através de um aplicativo no Facebook.
“Foi um misto de surpresa com orgulho”, conta Paulo Velho. “Primeiro o orgulho de descobrir que alguém realmente lia o que eu escrevia. Depois a surpresa de descobrir que alguém ainda se atrevia a repetir as minhas piadas. É muita coragem.”
Na noite de ontem, o mundo acompanhou atônito a morte de uma piada. A relação do Corinthians com a Libertadores vinha divertindo gerações há anos e, apesar de já estar perdendo sua força por conta da repetição, ela nunca chegou a perder a graça, todos os anos conseguindo se renovar um pouco, com a ajuda de times colombianos e chorosos torcedores.
O desespero é grande no mundo do humor. A construção da arena do Corinthians já vinha sendo motivo de preocupação. Com estádio e Libertadores, as jocosas referências dos outros times vão ter que focar em alguma outra coisa que os corinthianos não tenham, tais como: ficha limpa na justiça, ensino médio, dentes ou pai.
“Acredito que vamos ter que nos reciclar agora. Se o Niemeyer morrer e a Preta Gil emagrecer, vou ter que jogar fora tudo o que eu construí durante toda minha carreira”, declarou um humorista de twitter que preferiu permanecer anônimo.
A adaptação é rápida, entretanto. Após ganhar uma Libertadores, por exemplo, um corintiano não desliga mais seu PlayStation, só retorna de seu indulto.
Apesar das recentes dificuldades que o esporte vêm apresentando ao mundo do humor, a classe não tem medo da escassez de anedotas. “Ainda temos a política”, disse um desconhecido humorista de qualidade questionável, “A política nunca falha em nos revoltar e prover-nos de conteúdo para piadas.”
Há uma estranha tradição londrina que faz os ônibus mudarem o ponto final deles no meio do caminho. Costuma acontecer com mais freqüência do que devia e você é simplesmente abandonado na metade do trajeto. Por sorte, a malha de transporte público londrina é invejável, então, quando numa terça-feira eu fui abandonado na Angel Station (a caminho de Barbican), foi fácil adaptar minha rota.
Quadros de avisos nas estações estão presentes para mostrar informações sobre atrasos, problemas de funcionamento nas linhas ou fechamento temporário de estações. Várias manutenções estão sendo feitas preparando a cidade para as Olimpíadas, então é meio comum trechos do underground serem fechados em alguns dias.
O quadro de avisos na Angel Station me chamou atenção aquele dia. Ao invés das informações ao usuário, ele continha uma piadinha, daquelas dignas de twitter. “If heat makes things expand, then I’m not FAT… I’m just really HOT!“, dizia.
Diariamente os funcionários da estação, todo fanfarrões, atualizam o quadro com uma gag, um trocadilho, um pensamento novo… Citando frases de Albert Einstein a Homer Simpson (tenho minhas dúvidas de quem seria mais genial), as mensagens entretém os sisudos passageiros londrinos. Às vezes é mais útil do que reportar pequenos atrasos.
Um blog com as frases diárias entrou em funcionamento ano passado: http://thoughtsofangel.com/. Alguns exemplos de mensagens que já foram publicadas no quadro:
Don’t go to bed angry. . . Stay up & plot your revenge
Childhood is like being drunk. Everyone remembers, except you!
Why does the government try to stop us drinking and smoking. But then moan that we are living too long???!!!
My wife and I were happy for 20 years… Then we met.
If you feel like doing some work. Sit down and wait… the feeling soon goes away.
I still miss my ex… But my aim is improving.
“I feel sorry for people that don’t drink… Because when they wake up, that’s the best they’re going to feel all day.” (Frank Sinatra)
When I was born I was so surprised… I didn’t talk for a year and a half.
There is a fine line between fishing and just standing on the shore like an idiot.
When your ex says you’ll never find anyone like me, reply that’s the point!
A bus station is where a bus stops. A train station is where a train stops. I have a work station…
Is it true that cannibals don’t eat clowns because they taste funny?
(Não traduzi pra não perder alguns trocadilhos ótimos)
A estação de overground Shoreditch também usa seu quadro de avisos para colocar fanfarronices. O tumblr http://boardscribe.tumblr.com/ tem algumas pérolas da estação, apesar de estar terrivelmente desatualizado.
Gostei da iniciativa. Talvez funcionasse por alguns dias no Brasil, até algum usuário se sentir ofendido e processar a estação.
Morreu Chico Anysio. Bom, ainda não morreu, mas esse blog precisa de atualização e o cara tá demorando demais, lá em cima do telhado só esperando pra ser puxado. Seria uma surpresa enorme se ele vivesse a tempo de assistir O Hobbit.
É inegável que Chico Anysio foi um nome notável no humor nacional, desde seu início de carreira copiando e traduzindo as piadas de grandes nomes do humor americano e inglês, mas também por ter colocado no mundo centenas de personagens (e filhos) engraçados ou não. Ele também colocou no mundo o Bruno Mazzeo, e não tenho certeza se ele merece perdão por isso, mas alguém que casou com a Zélia claramente deve ter algum problema sério de conduta.
O auge de sua carreira e criatividade foi, em minha opinião, a Escolinha do Professor Raimundo. Nos anos 90, a atração conseguiu um horário nobre diário na Globo, onde teve a sua melhor fase (qualquer exibição antes disso deve ser encarada como completamente irrelevante, pelo fato de eu não ter lembranças da época). Apesar do sucesso, muitos pontos do programa ainda me causam um certo incômodo.
O brasileiro sempre teve dificuldade em definir os limites do humor, mas no passado estava tudo bem porque as pessoas costumavam se concentrar em coisas realmente importantes, como a fome mundial, as guerras e os 12 problemas bucais que um ser humano pode ter. No entanto, ultimamente, a patrulha do politicamente correto – formada por pessoas com uma grande falta de sexo e um ainda maior excesso de tempo – vem se dedicando a estudar as piadas que circulam por aí.
Com um tridente numa mão, um crucifixo na outra e gritando “Fogueira aos humoristas!”, a Patrulha Aburguesada Unânime (PAU) tenta impor limites às piadas que os humoristas têm contado. Em revide, a frente dos Humoristas Inconsequentes Moderados E Negativistas (HIMEN) tenta bater de frente com ela, empurrando os limites do humor para o mais longe possível.
Como nas lutas entre PAU e HIMEN, esse último costuma perder, nós resolvemos criar esse “Pequeno Manual do humor ofensivo” para auxiliar o grupo dos humoristas a entender até onde eles podem ir nas suas piadas:
Eu não gosto de médicos. Nada particular contra a pessoa (ou a profissão) médica – exceto quanto à forma desleixada como eles cuidam de seus jalecos -, mas consultas médicas me dão preguiça: Senta na maca; tira a camisa; respira fundo; vou medir sua pressão; abre a boca; língua pra fora; é só uma virose.
Por isso que eu não costumo ir muito a médicos, apesar de mamãe insistir tanto. Acabo indo no médico só quando tenho algum ferimento grave ou uma febre brutal ou quando sou atacado por um urso ou quando meu coração me dá pontadas por mais de 3 meses sem razão aparente. Mesmo assim, essas poucas vezes que fui ao médico renderam alguma situações inusitadamente curiosas…
Eu sempre achei que imensos pedaços de pedra voando a milhões de anos-luz de mim não podem influenciar tanto assim na minha vida. Mas isso porque eu sou um babaca cético, afinal, é evidente que se Mercúrio está na sétima casa alinhado com Júpiter, isso é um claro sinal que eu tenho grandes chances que um maluco me mande algumas gramas de Anthrax pelo correio.
Meu horóscopo sempre pareceu estar terrivelmente errado. Mas agora tudo se justifica: Eu estava olhando o horóscopo errado! Eu era de Peixes e, por isso sempre fingi ser esse indivíduo tão sensível que eu aparento. Agora, devo dizer que sou muito mais feliz sendo Aquário: Simpático, humanitário, leal, pouco emocional e não entende a complexidade dos sentimentos. Faz muito mais sentido. Apesar que, devido a alguns fatos do ano passado, acho que um signo como Touro ou Capricórnio cairia muito melhor em mim.
Mudar o signo é algo bizarro. Várias pessoas que criticaram a Ângela Bismarchi por sua cirurgia de reconstrução de hímen estão agora pagando por suas línguas, uma vez que elas também voltaram a ser Virgem. E, no maior estilo “American Pie”, um grandioso número de pessoas deixou de ser Virgem da noite para o dia – como geralmente acontece. O que é curioso porque, para eu deixar de ser Virgem é mais fácil que todas as estrelas do Universo mudem de lugar do que aparecer alguma garota para me ajudar no processo.
Se a mudança pareceu positiva para alguns, para outros, terá um custo alto: Com a adição de um novo signo, o cara dos jornais que inventa o horóscopo vai ter trabalho a mais. Sem contar o layoutista: com um número primo de signos, ele tá fudido pra desenvolver uma tabela que consiga encaixar todos os signos devidamente alinhados.
Meu amigo, o Barba, de tão solidário que é, quando ficou sabendo que todos os signos avançaram uma casa pra frente, só conseguiu pensar no pobre coitado do Muh de Áries, que agora tem que subir toda aquela escadaria pra chegar até a casa dele. Quero só ver o remake da saga de Sagitário do Cavaleiros do Zodíaco. Como ex-pisciano também fico feliz que o cavaleiro de ouro de meu signo não é mais o Afrodite. Meu irmão de Touro sempre me zuou porque o Aldebaran é um cara tão másculo e gente boa e o Afrodite é aquela bichona. Mas não gosto muito de discutir minha sexualidade me baseando em Cavaleiros do Zodíaco… Eu também sempre gostei mais do Shun.
Ainda estou me acostumando a ser de Aquário. Hoje já xinguei minha mãe, dei um esbarrão numa velhinha e chutei um gatinho. É bem mais legal ser esse crápula insensível aquariano!