Nossa relação com comida é um assunto complexo.
Principalmente na sociedade moderna aonde desvirtuar o alimento tradicional virou quase um hobby. Somos bombardeados constantemente com novidades incríveis e completamente transgressoras, como o dogão de carne moída, a pizza de sushi ou o temível brigadeiro de capim santo.
Veja bem, não sou um extremista da culinária tradicional. Se você é carioca e quiser estragar a sua pizza enchendo ela com um molho doce completamente incondizente com o alimento (que já vem com seu próprio e adequado molho de tomate), seja livre para fazê-lo. Quem vai comer é você, mermão. Pode comer vidro que eu não me importo.
Mas acredito que a alma dos alimentos deve ser corretamente preservada, senão vira molecagem. Quando me oferecerem um brigadeiro, por exemplo, eu espero receber um doce feito à base de leite condensado e chocolate em pó, de forma esférica e coberto com confeitos de chocolate. Se envolve erva cidreira na receita e cobertura de lascas de amêndoa, o adequado seria chamar de outra coisa, tira esse título de brigadeiro do seu nome que ele não merece.