Paulo Velho vai ao médico

Eu não gosto de médicos. Nada particular contra a pessoa (ou a profissão) médica – exceto quanto à forma desleixada como eles cuidam de seus jalecos -, mas consultas médicas me dão preguiça: Senta na maca; tira a camisa; respira fundo; vou medir sua pressão; abre a boca; língua pra fora; é só uma virose.

Kermit's X Ray
Sente-se, Caco. O que eu vou lhe mostrar pode ser um choque.

Por isso que eu não costumo ir muito a médicos, apesar de mamãe insistir tanto. Acabo indo no médico só quando tenho algum ferimento grave ou uma febre brutal ou quando sou atacado por um urso ou quando meu coração me dá pontadas por mais de 3 meses sem razão aparente. Mesmo assim, essas poucas vezes que fui ao médico renderam alguma situações inusitadamente curiosas…

Yeah Yeah, Glu Glu!

MALLANDRO, Serginho. Ao lado da pastinha do “Meus Documentos”, um dos ícones mais marcantes de nossa geração. Ex-jurado do Show de Calouros. Candidato a vereador não eleito. Precocemente eliminado d’A Fazenda. Criador do “Yeah yeah glu glu”.

Sérgio Mallandro e amigos
Sérgio Mallandro e amigos

Vou aproveitar o momento que o Mallandro ainda tá na mídia para contar a história do dia em que eu o conheci – e que faz parte da série de reportagens sobre meus encontros com as pessoas mais influentes do mundo.

A Terra das Coisas Perdidas

Aquele óculos escuros chegou (ou seria “aqueles óculos escuros chegaram”?) numa grande porta de madeira com uma maçaneta central dourada, onde foi atendido por um velho senhor trajando um paletó azul, uma camisa rosa e calça jeans. O senhor carregava uma bengala de madeira bem gasta e estendeu alegremente os braços para receber o óculos.

– Bem vindo à fantástica terra das coisas perdidas pelo Paulo!

Terra das coisas perdidas
"Deixei minhas chaves por aqui em algum lugar..."

O óculos olhou (ou seria “os óculos olharam”? Ao inferno com a correta conjugação do plural! – fique satisfeito com minha singularidade) de forma encantada para aquela porta e para aquele senhor alegre, de barba rala e visivelmente repetindo um texto já decorado e que deve ter sido repetido milhares de vezes:

– Vejo que, se você chegou aqui, é porque o Paulo lhe perdeu! Por favor, entre! Você será muito bem tratado juntamente com milhares de outras coisas renegadas à despretensiosa distração de um rapaz esquecido. Esse é seu novo lar.

O óculos – um Ray Ban, modelo esportivo, que nem do Paulo era! – seguiu o velho que abriu a porta e entrou em um amplo salão redondo e bem iluminado. O centro do salão tinha o chão composto de um mosaico de ladrilhos formando um desenho de uma inconformada face de Paulo – olhos cerrados e testa franzida, retratando aquele exato momento que o rapaz percebe que perdeu algo. O que faz sentido, afinal, tudo ali havia sido perdido por ele.

– Veja todo esse material! Saiba que você definitivamente não está sozinho – disse o velho enquanto apontava para diversos corredores de altas estantes que ficavam imediatamente à esquerda de quem entrava na porta. As estantes estavam repletas de milhares de materiais escolares que já foram perdidos por Paulo. Haviam lápis ainda nem apontados e canetas com a carga cheia. Sem contar diversas borrachas, estojos, réguas, alguns cadernos e algumas dezenas de revistas… Logo depois da estante, em um amplo cabide repousavam centenas de guarda-chuvas e algumas blusas velhas e infantis.

– O que é aquilo? – Perguntou o óculos, apontando para o outro lado, onde uma sala de vidro continha diversos servidores ligados por um emaranhado de cabos.

– Aquilo são os nosso servidores. São compostos de alguns petabytes de dados de informática perdidos pelo rapaz. Trabalhos de faculdade completos deletados por acidente, fotos, músicas e vídeos de HDs formatados devido a vírus… Documentos, e-mails, “Ctrl+Z”s que jamais voltarão…

Ao lado da sala, em um sofá marrom, uma garota ruiva se agarrava em uns fortes amassos com um rapaz estranho.

– Aquela ali – disse o velho percebendo o olhar do óculos – é a ex-namorada do Paulo.

Austrália – terra australis incognita

Ah! Austrália! Mal posso esperar para ir conhecer esta maravilhosa terra e seu povo acolhedor!

Dê o fora da Oceania! Isto não é War!
Dê o fora da Oceania! Isto não é War!

Este texto é o primeiro de uma série sobre a Austrália e a Nova Zelândia, todos detalhando sobre minha viagem. Na Austrália ficarei por pouco tempo: apenas uma semana e meia, onde eu passarei por 6 cidades: a gigantesca Melbourne, a badalada Gold Coast, a chapada Nimbin, a tranqüila Byron Bay, a não-sei-o-que-esperar Brisbane e a famosa Sydney.