Atletismo para quem tem DDA

Tive a oportunidade de comparecer ao estádio olímpico este sábado para acompanhar, na medida do possível, as provas de atletismo. Como um semi-desconhecedor das modallidades apresentadas, me senti consideravelmente confuso.

Acostumado a ver esse tipo de prova na televisão, preferencialmente enquanto faço alguma outra coisa que soasse mais divertida, me vi completamente perdido. No estádio, tudo acontece ao mesmo tempo; mulheres arremessam discos enquanto os homens dão saltos triplos e eu fico desesperado achando que o pessoal que arremessa peso qualquer hora vai errar o giro e acertar uma das garotas que está correndo os 400 metros na pista. É tudo simultâneo e eu nunca sei o que diabos a torcida está ocasionalmente celebrando – a maioria das vezes era algum feito da Jessica Ennis.

Jessica Ennis

Ennis é o grande nome britânico das olímpiadas. A atleta garantiu no domingo o ouro para os donos da casa no heptatlon, modalidade que eu pude acompanhar algumas etapas enquanto presente no estádio. Além disso pude conferir a vitória da Polônia no arremesso de peso (Tomasz Majewski) e a corrida de 10km que garantiu o ouro para a Etiópia (Tirunesh Dibaba), contrariando minha idéia que os atletas da Etiópia tinham vindo só por causa do lanchinho.

Assistir esse tipo de competição no estádio parecer ser o ideal para treinar meu déficit de atenção, que consegue analisar o pulo de 8m de um brasileiro enquanto vê a lançadora de discos atirando coletes e reparar que a corredora portuguesa está ganhando posições (“é aquela de meias pretas, tá vendo?”).

Talvez, como concluiu Antonio Prata em sua coluna, o melhor mesmo é ver as provas pela televisão. Eu me diverti muitíssimo indo ver pessoalmente e, se encontrasse mais ingressos, faria o possível para ir de novo. Mas as câmeras televisivas são as que vão mostrar a melhor imagem (com replay) daqueles 9 segundos de corrida e vão captar os melhores ângulos da Allison Stokke. Ah… Allison Stokke!

Allison Stokke, SUA LINDA!

 

(em tempo, antes que venham reclamar: eu sei que a Allison não se classificou para Londres 2012. Mas só queria aproveitar a oportunidade de colocar uma foto dela)

Usain Bolt

Como não poderia deixar de ser, a imprensa londrina tirou a segunda-feira para exaltar Usain Bolt e a medalha de ouro mais previsível das Olimpíadas.

Opa… Bolt errado!

O jamaicano venceu os 100m rasos, a prova mais nobre do atletismo, e hoje foi até feriado na jamaica por conta disso (e por causa da independência deles, mas isso é só um detalhe).

É destacável, entre outras coisas, a audiência alcançada pela corrida, considerado um dos maiores eventos esportivos já transmitidos pela BBC. Um dos grande motivos para eu ter uma televisão nesta época olímpica foi por esses 9.63 segundos de programação.

O que mais me chamou atenção nas notícias veiculadas pelos tablóides britânicos foram coisas que passaram desapercebidas pela transmissão. Um indivíduo bêbado, por exemplo, tentou atirar da arquibancada uma garrafa de cerveja no corredor pouco antes de ser dado o tiro de largada – no vídeo da transmissão é possível ver uma garrafa verde quicando atrás dos atletas antes do começo da corrida. O espectador bêbado tomou um ippon da judoca holandesa Edith Bosch antes de ser detido pelos seguranças do estádio olímpico. “I missed the 100m! grrrrrr”, escreveu a lutadora em seu twitter, após contar gloriosamente como ela agrediu um arruaceiro.

Destaque também ficou para a celebração feita por Usain Bolt. E eu não me refiro à suas flechas imaginárias atiradas no nublado céu britânico, mas pelas três atletas suecas que o acompanharam à noite em seu quarto.

Bolt e suas suecas

Bolt ainda vai correr os 200m nestas Olimpíadas – isso se ele ainda tiver fôlego, afinal ele deve ter levado mais de 10 segundos para celebrar com essas garotas…