Retrospectiva absurda de 2012

2012 é o ano do fim do mundo, apesar de todo mundo ter parado de falar disso depois que o ano começou. É como aquele velho da família que todo mundo fica especulando sobre a sua morte, mas disfarçam e não falam nada quando ele está presente. Ou falam, afinal, ele já tá surdo mesmo e ainda confunde você com o seu primo que morreu três anos atrás.

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A NASA, precipitadada do jeito que é, já até publicou (acidentalmente) o vídeo explicando porque o mundo não acabou no dia 21. Uma atitude inteligente, afinal, se eles estiverem errados, provavelmente não sobrará ninguém pra reclamar.

Eu acho estúpidos esses profetas que anunciam o fim do mundo. É o tipo de aposta que você só tem a perder, afinal, se você estiver errado, se desmoraliza e, se estiver certo, ninguém vai estar lá para reconhecê-lo.

O ano, aliás, não esteve bom para profetas. Contrariou-se a história, quebraram-se tabus, desfizeram-se costumes. Nada aconteceu de normal em 2012…

Foram muitas quebras de tabus: Depois de 23 anos, o Ricardo Teixeira renunciou. Depois de 102 anos, o Corinthians ganhou uma Libertadores. Depois de 104 anos, o Niemeyer morreu.

Foram muitos absurdos políticos: O Lula virou aliado do Maluf. O Tiririca foi um dos melhores parlamentares do ano. Celso Russomano passou de repórter em decadência a candidato em decadência (a mais rápida da história). Teve até político sendo julgado e condenado à prisão – quem diria?

"Se a Interpol perguntar, eu digo que não vi nada, companheiro"
“Se a Interpol perguntar, eu digo que não vi nada, companheiro”

As Olimpíadas passaram na Record, então a Globo ignorou. O Brasil, que era o país do futebol, agora é a pátria de argolas, onde o povo se reúne para assistir UFC. Este foi o ano em que o Tigre fugiu do Bambi.

A morte foi cruel: Foram-se Chicos Anysios, ficaram Brunos Mazzeos. Foram-se Millôres Fernandes, ficaram José Simões. Foi-se também a Hebe e agora o Silvio Santos é o mais novo esteriótipo de velho do humor brasileiro.

O humor que sofre com a perda de piadas: Jogamos fora todas as nossas piadas sobre o Niemeyer e sobre o Corinthians. Se a Preta Gil emagrecesse, seria preciso começar a reescrever tudo do zero.

No ano do “Avengers“, quem virou vilão foi o Huck, que andou dirigindo bêbado e o Thor, que atropelou um. E se o ano foi ruim pra gente, imagina pro Eike Batista, que perdeu R$10 bilhões.

Para contrariar os anos anteriores, o ENEM não vazou. Para contrariar os anos anteriores, a Nana Gouvêa apareceu na mídia em fotos vestidas e a Carolina Dieckmann em fotos peladas. Para contrariar os anos anteriores, eu até tive uma namorada.

Dizem que o mundo vai acabar esta sexta-feira. As coisas estão tão absurdas que o que pode acontecer é um suicídio do Planeta Terra. Não acho que é o fim do mundo, mas que tudo mudou por aqui este ano, isso é claro.