O que eu aprendi com 2010

Eu não costumo falar sério. Principalmente aqui. Mas algumas pessoas gostam de algumas coisas que eu falo e até encaram seriamente minhas palavras em meus momentos menos babacas.

ET Bilu
Busquem conhecimento!

Meus momentos não-babacas são efetivamente raros, mas é algo que eu realmente julgo valioso. 2010 foi um ano no mínimo peculiar, mas do qual eu tirei algumas coisas que talvez possam ser encaradas como recomendações. E são do fundo do meu endocárdiozinho:

Viaje sozinho

Em 2009 eu fiz quase 2 semanas de mochilão pela Austrália, acompanhado apenas de minha falta de bom-senso. Porém, os frutos da experiência adquirida por essa viagem só me foram percebidos mesmo em 2010.

Como um tímido acanhado, sempre tive uma certa dificuldade de iniciar um vínculo social com alguém. Porém, quem me conheceu este ano não faz nem idéia disso. O fato de você estar sozinho e viajando lhe obriga a conhecer pessoas. Quando você se vê num bar, cheio de pessoas interessantes que você nunca mais vai ver na vida, começa a pensar que não parece tão ruim tentar se aproximar mais das pessoas para estabelecer contato. Se não der certo, parte pra outro grupo. Se não der certo, parte pra outro bar. Se não der certo, amanhã você vai mudar de cidade mesmo.

Estar sozinho em um lugar estranho com uma língua diferente foi um desafio sensacional. Procurar você mesmo o que fazer a cada dia, não depender de ninguém para fazer nada. É uma liberdade e um aprendizado únicos e altamente recomendáveis.

Pare de inventar desculpas a si mesmo

As piores desculpas são as que inventamos para convencer a nós mesmos. E todos fazemos isso. Falta de tempo, falta de dinheiro, ainda não é a hora certa… Qualquer coisa a gente inventa para não realizar algo que queremos, e na maioria das vezes não fazemos simplesmente por preguiça, covardia ou por estar em uma posição confortável.

Testa só serve para colocar chifres

Eu sempre fui aquele menino nerd da sala, aquele que devia ser vítima de todo bullying da escola. Mas, desde cedo, aprendi uma forma de ser aceito socialmente: antes de alguém fazer alguma piada comigo, eu mesmo fazia. A vida faz várias piadas comigo mesmo, eu só me tornei o primeiro a espalhar isso… fui ficando aquele mané engraçadinho e assim eu evitava as gozações alheias: quando elas vinham, já não tinham mais graça. No final acabava amigo de todos aqueles que deveriam estar me zuando.

Este ano, uma coisa meio chata aconteceu comigo. Quando isso aconteceu, eu simplesmente fiz aquilo que eu sempre fiz: piadas! Nunca duvide do poder viral de uma piada (não é à toa que a publicidade tenta constantemente ser engraçada). Piadas são as armas dos fracos, a moeda de troco dos atingidos. Tanto que até mesmo os políticos este ano tentaram impedir as gozações com eles mesmo – voltaram atrás, vendo a revolta popular. Eu preciso disso para manter a sanidade.

Aos atingidos com minhas piadas, que façam o que eu faço: retornem com novas. Mas lembrem-se que a viralização de uma piada depende que ela seja baseada em fatos: É extremamente difícil ridicularizar uma pessoa que já não seja naturalmente ridícula. Algumas pessoas vêm me falar de respeito: Não foram minhas piadas que te fizeram perder o respeito, foram os fatos que a originaram. A maneira como você é tratado é conseqüência do que você é e do que você faz. Se você não acha que está sendo devidamente respeitado de alguma forma, é bem provável que isso seja culpa dos seus próprios atos, e não das minhas piadas. Eu não tenho todo esse poder.

Baiano é baiano
C fô tôrto é cum voceis mêmo!

Piadas não distanciam pessoas. De jeito nenhum. Outra coisa que 2010 comprovou cientificamente foi que piadas aproximam pessoas… de forma que ninguém (nem mesmo as próprias pessoas envolvidas) achavam que seria possível.

Eu vi em 2010 o quanto piadas são importantes pra mim. Espero nunca na minha vida perder a habilidade de rir de mim mesmo (e nem dos outros).

Vá atrás dos seus sonhos

Quando fiz minha lista de achievements no começo do ano inclui diversos sonhos da minha vida que imaginei que levaria alguns anos para cumpri-los. Por que eu imaginei isso? Há certos sonhos que são tão fáceis de serem cumpridos: É só ir atrás.

Não imaginava, por exemplo que minha trilha para Machu Picchu seria realizada tão rapidamente. Foi algo que simplesmente aconteceu: eu achei que deveria ir atrás, pesquisei, entrei na academia, comecei a procurar dicas da trilha e a fiz. E foi uma das melhores coisas que eu fiz na minha vida.

Após 4 dias andando, chorei quando cheguei em Machu Picchu. Percebi que eu posso realizar qualquer coisa… Todos podem, na verdade, só o que falta é coragem e dedicação.

Continuo tendo vários sonhos. Mas agora eu os chamo de “planos”.

Não se sinta envergonhado por ter uma boa vida

Eu tenho uma boa vida: Um emprego que eu amo, com um bom salário e um horário flexível. Amigos bacanas, dinheiro pra cervejinha nossa de cada dia… Vejo agora pessoas ao meu redor sofrendo com seus empregos, fazendo a faculdade simultaneamente, trabalhando das 7h às 21h, sem tempo para as coisas mais banais. Porque eu tenho que me sentir culpado de estar tão bem? Há pouco tempo eu realmente me sentia assim.

Vivemos em uma sociedade onde o sucesso é condenável. A pobreza e a esperteza é elogiada e incentivada. Se o cara compra música legalmente pela internet, ele é o otário. Se o cara tem um celular mais bacana, ou compra o carro do momento, ele é o playboyzinho esbanjando dinheiro. O emprego e a qualidade de vida que eu tenho hoje não foram conseguidos à toa. Quem me conhece desde a época da faculdade tem uma certa noção do quanto eu me esforcei estudando, trabalhando e fazendo freelas, tudo ao mesmo tempo. Aposto que já passei mais noites em claro trabalhando ou estudando do que a maioria dos meus amigos. Porque eu tenho que me sentir mal por ter um emprego que me permite entrar e sair a hora que eu quiser, se sempre foi isso que eu almejei? Porque o sofrimento é agraciado e elevado?

Tento sempre evitar que meus problemas saiam da empresa. Evito ao máximo contar o que me aflige no trabalho e na vida. Eu tenho uma boa vida e uma posição confortável. Lutei por isso e, apesar de não precisar espalhar aos quatro ventos o quanto eu estou bem, tranqüilo e malandrão, também não preciso me sentir mal por levar a vida que levo, mesmo que todos ao meu redor estejam se fodendo. A hora deles também vai chegar e espero que eles se lembrem também do que passaram e valorizem os bons momentos.

Dance

Como bom nerd, nunca soube dançar. Sempre fui o cara que fica no canto da balada com o copo na mão olhando todo o frenético movimento na pista ao meu redor. Não que isso tenha exatamente mudado, mas devo dizer que, não só exatamente a dança, mas freqüentar o “The Clock” mudou minha vida.

Como bom amante de rock, adorei o The Clock desde a primeira vez que lá fui, faz 2 anos. Mas não freqüentava com assiduidade por alguns motivos óbvios: o primeiro é que não sabia dançar; o segundo é que eu achava que para aproveitar a mini-aula de dança que eles dão no início de cada noite seria necessário levar uma garota – que me acompanharia durante a noite. Imagine quantas garotas se propuseram a dançar comigo por uma noite inteira…

Os benefícios da dança não se limitam aos benefícios físicos: aprimoramento das funções psicomotoras, flexibilidade, melhora no condicionamento físico, perda de peso, tônus, equilíbrio, relaxamento, disposição, entre vários outros. Pensando também de forma social, são benefícios inumeráveis. Dançar combate a depressão e a timidez, melhora a auto-estima, e a socialização. O The Clock foi uma das melhores coisas que aconteceram na minha vida, e de lá, não tiro apenas duas dezenas de passos que eu fico revezando na pista. Os melhores amigos que fiz este ano foi no The Clock. Dançando, conheci pessoas sensacionais que tenho certeza que terei ao meu lado pelo resto da vida.

Ache seu ritmo. Dance.

A vida é finita

Você vai morrer! Meio óbvio e chocante, não? Pois não devia ser chocante. Viva com a certeza que você e todos à sua volta vão morrer. Seus atos devem todos ser feitos levando isso em conta: Tudo na vida é finito. Comprar minha passagem para deixar o Brasil no ano que vem foi muito importante pra mim no sentido de que, tudo que eu faço eu tento aproveitar ao máximo, com a certeza de que a presença de meus amigos e as visitas aos bares e lugares de que eu gosto estão com os dias contados. Nunca perca essa certeza: Você tira muito mais proveito do que faz sabendo da finitude daquilo.

Quando for sair com seus amigos, ou com sua namorada, lembre-se que você vai morrer e aproveite todos os milésimos que forem possíveis. Quando for aos bares que gosta, aproveite e desfrute do local. Coma cada refeição com a calma e o prazer de sua refeição final. Nunca se despeça das pessoas estando mal com elas.

Siga fazendo tudo como se fosse a última vez que fizesse aquilo na vida. Uma hora você acerta.

Que venha 2011. Esse também promete.

Ataquem
Ô seu imbecil, dá pra escrever algo engraçado aqui?