Uma tragédia contada em versos:
Pedro, numa empresa trabalhava
E por lá já não era assim tão novo
Há uns bons meses que ali já estava
Mas não conhecia de lá o povo
Pobre Pedro, não era bem popular
Ficava em sua mesa, as tarefas a cumprir
De manhã, quieto, ninguém via-o chegar
De tarde, humilde, ninguém via-o sair
Um dia, Pedro recebeu um memorando:
“Com dedicação que estamos organizando…
E a todos funcionários estamos chamando…
Para a festa da empresa de final de ano!
Dos diretores aos que consertam o cano…
Preparem o fígado, o evento é profano…”
Atento, Pedro continuou a leitura:
“E, da empresa, manteremos a cultura…
Tratem, pois, comprar algum objeto…
Tradicional que é nosso amigo secreto.”
O rapaz era, por sinal, muito esperto
Sua mente era, por sinal, nada lerda
Sabia que aquilo não podia dar certo
Sabia que aquilo só podia dar merda
Pedro nem lembra como foi parar ali no meio,
Mas não participar seria muito feio,
E foi assim que se deu o sorteio:
Simplesmente retirou e abriu o papel
E sua saliva pareceu ter virado fel:
“Porra, afinal, quem diabos é Daniel?”
Pedro teve que usar de toda sua destreza
Para descobrir quem realmente havia tirado
Descobriu que o Daniel trabalhava numa mesa
Longe da sua, lá do outro lado
Descoberta a pessoa, resolvido o problema
Mas ele sabia que seria uma epopéia
Foi até o shopping, mas não foi no cinema
Foi atrás de um presente, ou ao menos uma idéia
Procurando presentes, por várias lojas andou
Uma camisa? Uma calça? Um brinquedo da Grow?
Um livro sempre parece uma idéia show
Comprar um eletrônico ia custar muito dinheiro
Talvez uma bebida, um Velho Barreiro?
Já estava desistindo, andou um shopping inteiro
Na última loja que teve uma idéia batuta:
“Já sei o que eu vou dar pra esse filha da puta!”
Um kit churrasco comprou, e não foi tão barato
Mas é um bom presente pra não ficar chato
A verdade é que era um kit bacana
Muitas facas e garfos e uma tábua insana
Várias ferramentas para um churrasco perfeito
Daniel ia gostar, mesmo não o conhecendo direito
Chegou o tal dia, dos presentes trocar,
Sortearam um malandro para então começar
Pedro foi o escolhido, veja só que azar!
No meio de todos, falou muito astuto
“Tirei o Daniel, meu amigo oculto”
E foi simples assim, sem causar nenhum tumulto
Daniel realmente pareceu que gostou
E logo depois foi a vez dele entregar
E cada entrega Pedro acompanhou
Quietinho no canto, sem sair do lugar
Até a última pessoa dizer o nome seu
“Eu tirei o Pedro! O mais quieto da gente!”
Sempre tímido, Pedro agradeceu
Começou então a desembrulhar seu presente
Quando viu o presente, até sua cara mudou
Uma caneca! Foi o que ganhou!
Ficou tão puto que até desabafou:
“Eu compro um presente legal pra caralho!
Tinha até um faca só pra pão de alho!
E me dão uma caneca! É só isso que eu valho?”
A empresa toda ficou olhando o rapaz
No meio da roda, com sua caneca na mão
Quem entregou o presente foi se esconder lá atrás
Mas Pedro seguiu com sua reclamação:
“Puta trabalho pra um presente comprar
E um puta dinheiro acabei por gastar
Mas amigo secreto é sempre assim:
Dou algo legal e dão merda pra mim!”
No outro dia, Pedro foi à empresa
Achava que ia ser odiado, mas veja só que surpresa!
Vários presentinhos tinha em cima da mesa
Do pessoal do trabalho que juntou uma prata
É que acharam que o Pedro era psicopata
“Vai que esse cara a todos nos mata!”