De tempos em tempos, uma nova moda velha aparece, algo que sempre esteve por aí, espalhado, no fundo de um brechó ou exposto claramente em vitrines pela cidade, mas que o mundo sempre preferiu ignorar ou não viu o potencial naquilo.
A moda da vez são os livros para colorir para adultos. Eu não julgo; honestamente, acho até bem divertido. Quem sou eu para julgar, afinal, estando no comando de um personagem de quadrinhos fracassado, eu tô sempre desenhando e colorindo por aí…
O que me irrita é a falta de percepção desses editores em conhecer seu público alvo.
Por que diabos os livros de colorir para adultos não seguem uma temática adulta? Por que são flores, castelos, jardins, borboletas, essas coisas infantis que, convenhamos, são piegas e todos nós já passamos da época? Por que não imbuir atividades lúdicas condizentes com a idade e vida miserável que nós, pobres adultos levamos no nosso dia a dia? Que tal permitir aos adultos colocar um pouco mais de cor na cracolândia? Que tal dar uma atividade de redecorar um escritório de advocacia como se fosse regido pelo Clovis Bornay?
Tal como o orkut e o Carlos Cachoeira, o DrawSomething saiu de moda. Por pura fanfarronice, eu tinha uma dedicação meio exagerada ao joguinho, o que acabava me deixando sem muito tempo para outras coisas – trabalhar, por exemplo – e triplicava a minha média diária de minutos passados no banheiro.
A minha dedicação também não era compartilhada por todos os jogadores. Uma vez, eu desenhei todos os Avengers, bonitinhos, espremendo o martelo de Thor na telinha e caprichando nos seios da Viúva Negra, tudo isso para minha nobre adversária se cansar aos 15 segundos de jogo e desistir antes de qualquer personagem estar completo.
Eu adoro desenhar. Por isso, tenho me divertido muito com o DrawSomething. Apesar do meu dedo ser mais gordo do que devia e isso por vezes me irritar, ainda consigo alguns resultados esplendorosos algumas vezes.
Meus desenhos no DrawSomething:
Os desenhos de meus amigos no DrawSomething:
Às vezes eu simplesmente tento montar palavras com as letras disponíveis enquanto assisto algum vídeo de arte abstrata.
Há um tempo atrás, um amigo enviou um link sobre uma iniciativa bem interessante da artista Bia Bittencourt: piratear um livro. Não do jeito que os chineses pirateiam o iPhone ou que eu pirateava meus joguinhos de Playstation… Era um projeto intitulado Livro Pirata.
A idéia era pegar o entediante livro “A História da Arte“, de Ernst Gombrich e refazê-lo, de forma que cada contribuinte passasse a sua idéia em uma nova arte baseado nas obras do livro. Cada um dos ‘artistas’ selecionados ia receber uma única página do livro para fazer o seu trabalho inspirado nela e enviar de volta à Bia, que ia juntar tudo num novo livro, uma versão pirateada da original.
Tive o imenso prazer de ser um dos selecionados para enviar minha contribuição para o livro. A obra que eu recebi para refazer à minha maneira (ou à maneira babaca) foi esta:
A obra é a “Combate de São Miguel com o Dragão”, datada de 1498, do artista alemão Albrecht Dürer. Dürer deve ter se remexido por algumas vezes no seu túmulo e, se não estivesse morto, morreria de desgosto ao ver minha contribuição ao livro. A obra “Combate de Memes com a internet”:
Eu sou um babaca. Pode até ter ficado bom, mas a coitada da Bia provavelmente vai querer selecionar melhor os artistas para projetos futuros.
Há uma semana atrás, no dia 06 de julho, estive em Londres, para o show do Richard Cheese.
Foi absurdamente sensacional. Parecia um show de humor, o público não parava de rir. Ele e a banda têm uma presença fabulosa, extremamente simpáticos; até foram falar com os fãs depois de terminada a apresentação. Tive aí a oportunidade de entregar-lhe um pequeno mimo que havia desenhado em meus momentos ociosos de viagem:
Também conversei com Bobby (o divertidíssimo pianista) e Frank (o bateirista). A banda também faz uma ótima representação no show, garantindo algumas risadas e não sendo intrusiva na atuação do Sr. Queijo, que é realmente o grande personagem.
Ele já entrou no palco com uma taça na mão mandando “Too drunk to fuck“. A playlist continuou com “Closer” e “Another Brick in the wall“.
Dick desceu até a platéia, começou a conversar com o público e fazer piadinhas extremamente rápidas. Usou dessas piadinhas para mandar “Rock and Roll all night” e depois “Anarchy in the UK“; Fez o mais divertido e improvisado moonwalk que eu já vi quando cantou “Billy Jean“; Mandou um sensacional “Just Dance” da Lady Gaga em ritmo de “Sunday Bloody Sunday“; e, quando foi cantar U2, brincou dizendo que era um prazer cantar uma música daquela banda inglesa – gerando protestos bem-humorados da platéia.
Escolheu duas garotas aleatórias: “Vou fingir que vocês são lésbicas e dedicar essa música para vocês, tudo bem?” e cantou um divertidíssimo “Don’t cha” imitando diversas personalidades.
Ele parece se divertir tanto quanto o público. Deu muito trabalho aos seguranças – sempre que ia até a platéia dois seguranças o seguiam e ele só fazia piada com a situação. Eu estava no balcão, como pobre portador do ingresso mais barato. Mas, como haviam lugares VIPs vazios na minha frente, o sangue brasileiro falou mais alto e pulei para esses lugares para ter uma vista melhor de quando ele ia brincar com a platéia. Em determinado momento ele disse que ia dedicar a música a quem estava no balcão. Depois, mudou de idéia: “Não… O pessoal da platéia pagou mais caro, então é justo que eu cante essa música para eles. Pensando bem, só pra eles” – e cantou baixinho um “Like a Virgin“, incluindo com a banda tocando os instrumentos em volume reduzido. Era engraçadíssimo ver ele atuar e dançar quase não ouvindo nada.
A playlist ainda contou com Black Eyed Peas, Amy Winehouse, Prodigy, Slipknot com “People = Shit“, Beatles com “Helter Skelter“, “Down with the Sickness“, “Gin and Juice” e um emocionadíssimo “Friday“, da Rebecca Black. Sobrou até para a música de abertura de Bob Esponja.
Como não podia deixar de ser, terminou com “Creep“, para fechar de forma magistral uma apresentação épica.
…e sobre Londres: É uma cidade sensacionalmente maluca. Até eu pareço normal por lá. Mas não vou me estender em pormenores londrinos porque minha relação com aquele lugar ainda vai render… É certeza!