Jornalismo Imersivo

Em 1959, o escritor John Howard Griffin, consultou um dermatologista. Foi-lhe prescrito uma seleção de drogas, cremes dermatológicos e tratamentos para que sua cor de pele fosse alterada. John queria vivenciar na própria pele (literalmente) como era ser negro no sul dos Estados Unidos. Ele passou meses viajando por New Orleans e Mississipi e suas experiências foram descritas no livro “Black Like Me”, lançado em 1961.

Black Like Me, livro de John Howard Griffin
Black Like Me, livro de John Howard Griffin

A dedicação incondicional a uma experiência não é novidade no campo jornalístico-literário. Um dos primeiros ícones desse tipo de gênero aonde o autor se envolve completamente dentro do assunto estudado é Nellie Bly. Em 1887, a autora, usando o pseudônimo de Nellie Brown fingiu-se de louca, foi julgada insana e internada no hospital psiquiátrico Blackwell, em New York. Uma vez lá dentro, a autora parou imediatamente com sua atuação e se comportou da forma mais lúcida e natural possível, mas sem que fosse identificada com jornalista. Foram dez dias dentro do hospício, relatando todos os maltratos sofridos, as péssimas condições que se encontravam os pacientes e histórias fantásticas, de internos aparentemente mais sãos do que eu. O resultado se transformou em um aclamadíssimo artigo entitulado “Ten days in a mad-house” (de leitura altamente recomendável, podendo ser encontrado aqui) e chamou a atenção das autoridades para a forma como New York tratava seus loucos. No ano seguinte, Nellie lançou o artigo Around the world in seventy-two days, aonde ela se dedicou a reproduzir a obra de sucesso de Julio Verne e dar a volta ao mundo em oitenta dias (o ano era 1888). As experiências de Nellie a consagraram e marcaram definitivamente o estilo de jornalismo participativo.

Piada tem dono?

Reportagem de Tatiana de Mello Dias
Originalmente publicado no caderno LINK, do Estado de São Paulo, no dia 02 de julho de 2012
http://blogs.estadao.com.br/link/piada-tem-dono/

Uma sacada no Twitter e pronto: a piada se multiplica. Mas qual é o direito do autor?

SÃO PAULO – “O amor é a gasolina da vida: custa caro, acaba rápido e pode ser substituído pelo álcool.” A frase do blogueiro Paulo Velho ganhou o mundo, mas seu nome não foi citado em lugar nenhum. Escrita num tweet pela primeira vez em 2010, a piada ganhou novos donos, foi parar em um programa de rádio, virou comunidade no Orkut e até frase do personagem de Charlie Sheen na série Two and a Half Men, através de um aplicativo no Facebook.

“Foi um misto de surpresa com orgulho”, conta Paulo Velho. “Primeiro o orgulho de descobrir que alguém realmente lia o que eu escrevia. Depois a surpresa de descobrir que alguém ainda se atrevia a repetir as minhas piadas. É muita coragem.”