Piada tem dono?

Reportagem de Tatiana de Mello Dias
Originalmente publicado no caderno LINK, do Estado de São Paulo, no dia 02 de julho de 2012
http://blogs.estadao.com.br/link/piada-tem-dono/

Uma sacada no Twitter e pronto: a piada se multiplica. Mas qual é o direito do autor?

SÃO PAULO – “O amor é a gasolina da vida: custa caro, acaba rápido e pode ser substituído pelo álcool.” A frase do blogueiro Paulo Velho ganhou o mundo, mas seu nome não foi citado em lugar nenhum. Escrita num tweet pela primeira vez em 2010, a piada ganhou novos donos, foi parar em um programa de rádio, virou comunidade no Orkut e até frase do personagem de Charlie Sheen na série Two and a Half Men, através de um aplicativo no Facebook.

“Foi um misto de surpresa com orgulho”, conta Paulo Velho. “Primeiro o orgulho de descobrir que alguém realmente lia o que eu escrevia. Depois a surpresa de descobrir que alguém ainda se atrevia a repetir as minhas piadas. É muita coragem.”

O Escritório

Este texto não é meu. É um espaço que eu gostaria de ceder para diversos autores que considero sensacionais compartilharem também suas próprias babaquices.
Andrey é o vilão especialmente convidado da vez.

Milhões e milhões de pessoas ao redor do mundo sabem o que é trabalhar todos os dias em um escritório. O resto, incluindo limpadores de chaminés, especialistas anti-bombas e jogadores do palmeiras, têm sorte.

Não que seja ruim passar mais de 45 horas semanais dentro de uma sala climatizada, encarpetada, com cafézinho à vontade, banheiros disponíveis, horário para refeições e pessoas de todos os tipos convivendo juntas. O único problema é que eu, pessoalmente, preferia ter meu corpo beliscado por mil siris malvados à isso.

Dwight Schrute
Segunda-feira?

Ainda não encontrei os mil siris malvados, portanto sim, eu trabalho em um escritório.

Abaixo uma descrição simples de alguns aspectos da infra-estrutura desse ambiente de trabalho. Apenas como uma referência para quem ainda não é climatizado com as maravilhas de um escritório.

Trabalho ao ar preso

Já que toquei no assunto, porque não falar dos tais sistemas climatizados? Parece uma benção trabalhar em um ambiente em que a temperatura está perfeitamente regulada para que meu corpo possa manter suas funções vitais, enzimas trabalhando perfeitamente, glândulas sudoríparas em estado sonolento, além de sentir uma sensação agradável durante todo dia, não importa a estação do ano. Bom, sim, isso é uma benção, de fato. O que ficou de fora dessa linda história é que esses tais sistemas devem ter sido feitos nos anos 30, quando ainda não existia esse tal de Aquecimento Global. É impressionante perceber que no inverno, o ar-condicionado funciona perfeitamente, exigindo o uso de blusas e cachecóis em plena “Reunião Mensal de Desempenho”, enquanto no verão há revolta e piquetes contra o Zé, que explica que nada pode fazer, pois o ar condicionado já “está no último”.

Além do mais, quando falamos de uma temperatura agradável a que temperatura você se refere? Como disse inicialmente, o escritório é uma amostra de todos os tipos de pessoas, temos então desde esquimós calorentos até beduínos friorentos. Certamente ainda haverá a “Rebelião dos Cubículos” por questões climáticas, aonde haverá morte e raiva recíproca.

O último ponto, ao se falar do áquario humano que é o escritório é que, se as pessoas não chegam a um consenso em relação à temperatura, então ao menos em outros aspectos elas dividem como irmãs o seu dia-a-dia. Gripes, resfriados, viroses e doenças mil convivem perfeitamente entre os seres humanos, viajando de baia em baia pelo complexo sistema de túneis de ar-condicionado que isola a todos do mundo exterior.